República Portuguesa

Ditadura Militar


Presidente da Republica


José Mendes Cabeçadas

Nasceu em 1883 e morreu em 1965. Oficial da Armada, participou na preparação e desencadeamento da insurreição de 5 de Outubro de 1910, que instaurou o regime republicano. Distinguiu-se particularmente, não só pelo grande fervor e impaciência nos momentos críticos em que o movimento parecia comprometido, como pela iniciativa corajosa ao assumir o comando do navio "Adamastor", colocando-o ao serviço da revolução. No ano seguinte, foi deputado às Constituintes, juntamente com outros jovens militares revolucionários. No entanto, viria a revoltar-se contra o regime que ajudara a implantar, por razões nem sempre muito claras, algumas aparentemente de carácter aventureiro e pessoal. Em 1926 participa nas manobras e conspirações políticas e militares que levam à instauração da Ditadura Militar. Nos primeiros dias deste novo regime, assume poderes ditatoriais, num governo em que se responsabiliza por todas as pastas, mas é prontamente afastado do poder pelos seus próprios correligionários liderados por Gomes da Costa, no que seria o primeiro choque significativo no seio do grupo político-militar vencedor.

 


1883 Nasceu em Loulé no dia 19 de Agosto
1902 Entrou para a Escola Naval
1908 - 1909 Esteve colocado em Moçambique
1910 Participou na revolta de 5 de Outubro
1915 - 1918 Comandou vários navios portugueses na I Guerra Mundial
1926 Chefiou em Lisboa o movimento revolucionário iniciado em Braga por Gomes da Costa, a 28 de Maio
Começou a exercer as funções presidenciais sem nunca ter tomado posse, a 31 de Maio
No dia 17 de Junho, Gomes da Costa exigiu a Mendes Cabeçadas a entrega do poder. Mendes Cabeçadas demitiu-se e nomeou Gomes da Costa Presidente da República
1937 Tornou-se Vice-Almirante
Foi nomeado Intendente de Marinha no Arsenal do Alfeite e Presidente da Comissão de Obras da Base Naval
1965 Faleceu em Lisboa a 11 de Junho
 


Manuel Gomes da Costa

Manuel de Oliveira Gomes da Costa nasce em 1863. Oficial do Exército, é nas colónias que decorre parte significativa da sua carreira militar, vindo mais tarde a publicar obras de História militar fundamentadas quer no estudo do passado quer na sua experiência pessoal. Participou em operações militares primeiro na Índia, depois em Moçambique, neste último caso sob as ordens de Mouzinho de Albuquerque, de quem se afirmará discípulo e admirador. É ainda naquela colónia que assume funções de carácter político-administrativo, durante o período de governo de Freire de Andrade. Implantada a República, continua a sua carreira de militar colonial em postos de chefia em Angola e São Tomé e Príncipe. Após o desencadear do conflito mundial, em que Portugal se verá envolvido, regressa à metrópole e incorpora-se, como voluntário, no Corpo Expedicionário que irá combater na frente europeia, sendo-lhe atribuído o comando da 1.a Divisão daquele Corpo. Nesta sua decisão de avançar para a frente de combate será motivado por uma razão em que comungam os republicanos e os seus adversários: a intenção de preservar a integridade do Império. Terminada a guerra, já com a patente de general a que fora promovido pelo seu comportamento exemplar na Flandres, envolve-se em actividades políticas conspirativas contra a República, a que na realidade nunca aderira, dadas as suas convicções monárquicas. Associa-se a políticos de tendências diversas, contando-se entre eles desde adversários declarados do regime, como os Integralistas Lusitanos, a republicanos desiludidos, como Machado Santos, o herói da Rotunda, um dos símbolos da revolta vitoriosa do 5 de Outubro de 1910. Militar prestigiado e condecorado ao mais alto nível, a sua irrequietude política fá-lo entrar em choque com as autoridades, o que lhe vale a prisão por mais de uma vez e uma espécie de exílio disfarçado (missão de inspecção às forças militares no Oriente, o que se traduz no seu afastamento dos centros de decisão e dos ambientes conspirativos). Depois do seu regresso, a ligação a movimentos conspirativos não esmorece, envolvendo-se na preparação do movimento político e militar que iria traduzir-se no golpe de 28 de Maio de 1926 e na consequente instauração da Ditadura Militar. Vitorioso o golpe, os vencedores envolvem-se em disputas internas: Gomes da Costa dirige um golpe que derruba Mendes Cabeçadas e é por sua vez deposto num novo golpe encabeçado pelo General Sinel de Cordes, numa vertiginosa sucessão de conflitos. A 9 de Julho triunfa o golpe de Sinel de Cordes, e apenas dois dias depois, a 11, Gomes da Costa, que recusara a opção de permanecer como Presidente da República e renunciar ao poder executivo, parte para o exílio nos Açores, onde receberá a promoção a marechal (o governo restabelece aquele grau honorífico expressamente para o homenagear) ainda no mesmo ano. Ainda exercerá algumas funções de natureza política, mas com valor protocolar apenas. Morrerá em grande pobreza, totalmente desligado do poder.
 

1863 Nasceu em Lisboa a 14 de Janeiro
1884 Torna-se aspirante a oficial, depois de concluir o curso de Artilharia
1890 Partiu para a Índia para desempenha de funções de ajudante do Governador
1895 Partiu para Moçambique, requisitado por Mouzinho de Albuquerque
1915 - 1918 Comandante da I Divisão do Corpo Expedicionário Português (CEP)
1921 Foi nomeado comandante da 4ª Divisão Militar, em Évora
Ingressou no Partido Reformista
1926 Foi comandante das forças militares revoltosas no Golpe de 28 de Maio
A 17 de Maio, depôs o Presidente Mendes Cabeçadas
Tornou-se então Presidente da República, chefe de Governo e ministro da Guerra e do Interior
A 9 de Julho, foi demitido dos cargos que ocupava
A 11 de Julho, após ter sido preso, foi deportado para os Açores
Foi-lhe conferido o bastão de Marechal
1927 Em Novembro, regressou a Lisboa
1929 Faleceu em Lisboa no dia 17 de Dezembro
 


Marechal Óscar Carmona

António Óscar Fragoso Carmona, militar oriundo da arma de Cavalaria, de família de tradições militares, nascido a 24 de Novembro de 1869 e falecido a 18 de Abril de 1951, não possui uma folha de serviços marcada por actos notáveis. Nos primeiros tempos do regime republicano, participa nos trabalhos de reestruturação das instituições militares, após o que continua uma carreira relativamente apagada até que, em 1925, uma intentona falhada contra o regime termina em julgamento em tribunal militar. Assume aí as funções de acusador, o que lhe dá a oportunidade de apresentar um juízo pessimista sobre a situação política: asseverando que "a pátria está doente", coloca-se inesperadamente ao lado dos conspiradores acusados contra o sistema, atitude que revela as suas tendências políticas mais íntimas e lhe confere pública notoriedade. No ano seguinte, será uma das figuras de proa da conspiração política e militar que desemboca no golpe de 28 de Maio. Começa aqui a sua verdadeira carreira política, que o conduz à oposição a Gomes da Costa num dos primeiros momentos de clivagem nas fileiras dos novos detentores do poder. Ascende, após a queda daquele general, à Presidência da República, na qual é confirmado pelo processo eleitoral de 1928, em que se apresenta como candidato único. A sua eleição significa, simultaneamente, um passo em frente na consolidação e institucionalização do novo regime. É no decorrer do período da Ditadura Militar que o seu poder político se acentua, na medida em que congrega à sua volta as diversas correntes de opinião no seio das forças militares apoiantes do regime e arbitra os conflitos patentes ou latentes entre os militares e os dirigentes civis, particularmente no decorrer da ascensão de António de Oliveira Salazar (durante algum tempo, Portugal vive mesmo sob um "presidencialismo bicéfalo", personificado por Carmona e Salazar). A evolução dos acontecimentos, particularmente a redução do peso político das Forças Armadas e consequentemente da sua capacidade de intervenção junto dos órgãos de decisão, acarreta o declínio da autoridade do próprio Marechal Carmona, que, apesar de continuar a ocupar a Presidência até ao seu falecimento, vê diminuir drasticamente a sua autoridade e influência perante o aumento do poder efectivo do Presidente do Conselho de Ministros, com o qual inclusivamente tem desencontros de opinião em momentos decisivos da evolução do Estado Novo.


1869 Nasceu em Lisboa a 24 de Novembro
1894 Concluiu o curso de Cavalaria, na Escola do Exército
1910 - 1911 Foi nomeado pelo Governo Provisório para a Comissão de reorganização do Exército
1922 Tornou-se General
1923 Ministro da Guerra no 38º Ministério, governo chefiado por Ginestal Machado
Assumiu o comando da 4ª Divisão Militar, em Évora
1926 Foi Ministro dos Estrangeiros no 48º Ministério, governo chefiado por Gomes da Costa
1926 - 1928 A 9 de Julho, assumiu a presidência do 49º Ministério, a par da pasta a Guerra
1926 Assumiu a chefia interina do Estado, a 16 de Novembro
1928 Foi eleito Presidente da República e reeleito em 1935, 1942 e 1949, consolidando o poder de António de Oliveira Salazar
1947 Foi elevado à dignidade de Marechal do Exército Português
1951 Faleceu em Lisboa no dia 18 de Abril
 


end.